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FEDERAÇÃO DE FUTEBOL-FFP

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terça-feira, 28 de agosto de 2012

Sindicato: 28 AGOSTO DECISIVO NEGOCIAÇÕES BANCÁRIOS x FENABAN

DIA DO BANCÁRIO: SAÚDE, SEGURANÇA E MOROSIDADE NA DISCUSSÃO DE IGUALDADES DE OPORTUNIDADES - entrevista com Juvandia Moreira [Comando Nacional]
Greve em 1951, durou 69 dias
 As negociações entre o Comando Nacional dos Bancários e a Federação Nacional dos Bancos entra nesta semana em uma fase que pode ser decisiva. São esperadas para esta terça-feira (28) respostas dos bancos para as reivindicações apresentadas pelos representantes da categoria numa série de reuniões ao longo do mês. O 28 de agosto é significativo: é Dia do Bancário, em homenagem a uma greve iniciada nessa data em 1951 e que duraria 69 dias.


Nesta entrevista, a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Juvandia Moreira, destaca alguns avanços que começaram a ser debatidos em temas como saúde e segurança, lamenta a morosidade imprimida à discussão de igualdades de oportunidades, critica a indisposição do setor em negociar a situação do emprego e rebate o tom de apreensão dos bancos em relação ao desempenho deste ano: “Eles já começaram dizendo que é um ano pior”, diz Juvandia, observando que os números não os autorizam .
Antes da negociação, porém, a presidenta do sindicato teve um compromisso importante no auditório da entidade, na noite de ontem, segunda-feira (27),  recebeu o titulo de Cidadã Paulistana. A homenagem foi aprovada pela Câmara Municipal de São Paulo por iniciativa dos vereadores petistas Alfredinho e Francisco Chagas. Baiana de Nova Soure, Juvandia mudou-se para São Paulo em 1991. Estudou Direito, ingressou no Bradesco e, em 1997, tornou-se diretora do sindicato, que passa a presidir em 2010. “Esse título tem a ver com a importância do sindicato dos bancários para a cidade”, afirma. “Agora sou baiana e paulistana”, diverte-se. “Só falta aprender a falar ‘orrra, meu’”. Leia a entrevista:
Esperamos que os bancos tragam propostas que não levem à greve, mas a categoria está acompanhando, e vai dar resposta à altura daquilo que for apresentado na mesa. Se for boa a proposta, muito bem
Logo no início do mandato, no ano passado, a presidenta Dilma fez uma menção elogiosa a você, e comemorou a conquista da presidência desse sindicato importante por uma mulher. E se os bancários vierem a ser mais um categoria em greve neste segundo semestre, será que ela vai ficar chateada com você?
(Risos) Ela não deveria, né? Porque eu estou cumprindo meu papel. Sindicato é pra defender o interesse e os direitos dos trabalhadores. E isso é muito importante para o país, inclusive. Ano passado se ouvia alguns discursos de que não podia haver aumento real para não causar inflação. E nós tivemos aumento real, e mais de 90% das categorias tiveram, e este ano a inflação está menor. E a gente sempre diz: aumento real não causa inflação, gera desenvolvimento. É isso o que o país precisa. Desenvolvimento com distribuição de renda. E o que nós estamos fazendo é lutar por distribuição de renda, portanto, ajudar o Brasil a crescer. Esperamos que os bancos tragam propostas que não levem à greve, mas a categoria está mobilizada, está acompanhando, e vai dar resposta à altura daquilo que for apresentado na mesa. Se for boa a proposta, muito bem. Vamos fechar um acordo rapidinho. 
Você participa de reuniões com outros setores da sociedade, do governo, que avalia a conjuntura, que traça expectativas para o país?
A gente acompanha a conjuntura. Estamos tão preocupados e queremos que o Brasil continue crescendo, com distribuição de renda. Acho que o governo tem feito poucos fóruns assim. No governo Lula tinha o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. Mas foi perdendo importância, com algumas reuniões menos efetivas, um pouco sem função. Isso precisava ser retomado, fortalecido, porque junta trabalhadores, empresários e governo e discussões importantes são feitas.
A Dilma se distanciou dos movimentos sociais e sindical, dialoga menos que o governo Lula ou isso é intriga da oposição? A essa altura já existe uma frustração com a demora na contraproposta do governo em relação à isenção do imposto de renda na PLR dos trabalhadores?
As centrais sindicais já acertaram com o governo uma agenda de discussões. Há uma série de pontos na lista e o primeiro deles é a PLR. É claro que estamos insatisfeitos com essa demora. Muitas medidas foram tomadas, outras isenções foram dadas, e nós esperamos essa decisão em favor dos trabalhadores. Na última reunião das centrais com o governo ficou acertado que a negociação será retomada e deve acontecer nos próximos dias.
No que diz respeito aos movimentos sociais, há toda uma agenda programada com um conjunto de temas –fator previdenciário, terceirização, acordo coletivo especial –, da pauta das centrais para discussão com o governo, e está combinado que vai acontecer. Então, acho que o diálogo está colocado aí.
Outra coisa são essas greves, que o governo tem de negociar diretamente com cada setor do funcionalismo público. No nosso caso, a negociação passa pela Fenaban. Há as mesas específicas, do BB e da Caixa, mas são questões aditivas à convenção. E eles sabem que nós não vamos fechar acordo sem aumento real – reposição de inflação nem se discute. O Banco do Brasil e a Caixa são empresas lucrativas e, como os demais, não têm por que não trazer uma boa proposta.
O governo Dilma parece ter colocado em questão a melhoria dos serviços públicos. Tivemos o recente pito da Anatel nas operadoras de telefonia móvel. No setor bancário, além da questão do spread, em que mais o governo pode atuar para melhorar os serviços?
Ela teve coragem de mexer num ponto central, que é o spread absurdo. E o país precisa de taxas de juros menores para viabilizar as pequenas, as médias e as grandes empresas. As grandes ainda têm poder maior de negociação, mas as pequenas e médias podem quebrar por causa dos juros bancários, porque não conseguem capital para viabilizar seu crescimento ou se financiar para resistir a momentos de baixa. Então, ela mexeu numa questão central. Agora, nós defendemos que o governo faça uma Conferência Nacional do Sistema Financeiro para discutir mesmo o papel dos bancos, que são concessão pública, têm de ter papel social e precisa haver controle social. Como já vimos, um setor bancário em crise pode quebrar a economia de um país se não houver transparência nem controle que previna balanços que escondam fraudes, como esses casos de manipulação de números e indicadores por grandes instituições do sistema financeiro mundial, em vários países, e que trouxeram prejuízo imenso, e até agora a sociedade está pagando a conta. Os bancos fizeram isso, com seus executivos ganhando bônus estratosféricos mesmo depois de causar prejuízo imensos ao mundo. Isso precisa acabar. É preciso haver organismos internacionais olhando para isso, é preciso acabar com os paraísos fiscais, outro absurdo, que acolhe dinheiro de corrupção, de tráfico, de crime organizado. Eu não sei se o mundo vai sair dessa crise deixando esse saldo positivo. Pelo que estou vendo, em termos de regulação, é muito decepcionante.
Como foi a primeira fase das negociações com os bancos.
A primeira fase foi o emprego. O setor financeiro é altamente lucrativo e dados prometem resultados promissores. No primeiro trimestre deste ano, só os três maiores privados mais BB e Caixa apresentavam rentabilidade de 22%, enquanto a da indústria era de 9%. Isso significa, ao se acumular a lucratividade deles ano a ano, capacidade de dobrar o patrimônio a cada quatro, cinco anos.  O que a gente discutiu nesses dias todos é como reverter parte desse ganho para a sociedade e para os trabalhadores também.
É um setor que está criando empregos?
O tamanho da agências vem sendo reduzido, assim como o número de empregados, e os bancos privados estão se recusando a receber pagamentos de contas, de água, de luz, o cliente tem de colocar no débito automático ou pagar pela internet. Não pode pagar na agência. Isso não existe. Banco é concessão pública, tem de atender a população. Estamos, inclusive, conversando com o Idec para entrar com uma ação pelo cumprimento desse direito dos consumidores. Outra grande preocupação é com a alta rotatividade. O Itaú eliminou só nos últimos três meses quase 4 mil postos de trabalho, e já tinha eliminado 9 mil no último ano.
O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho aponta que o setor não diminuiu o estoque de vagas.
Mas isso é por causa da Caixa Econômica Federal, que foi o único banco que aumentou o número de trabalhadores. Até porque isso faz parte de um acordo: a Caixa tem de ampliar o seu quadro de pessoal até o fim deste ano em 5 mil novos empregados. Ainda não chegou a isso, mas o banco diz que já abriu 3.500 e que vai cumprir o combinado. Se excluir a Caixa da contas do Caged o saldo do setor financeiro fica negativo. O maior responsável por isso é o Itaú. E temos questionado os bancos se isso está se tornando tendência, pois o Santander está diminuindo o quadro, o Bradesco também diminuiu, o HSBC idem. Os bancos não responderam, mas admitiram que estão fazendo “ajustes”, o que não tem a menor justificativa. Os sete maiores bancos tiveram lucro líquido de R$ 26 bilhões de reais no primeiro semestre. Isso é algo extraordinário.
E os lucros caíram um pouco em relação ao ano passado, não?
Na verdade os bancos apenas aumentaram as suas provisões para o que chamam de devedores duvidosos. Ou seja, fazem uma aposta superestimada num aumento da inadimplência, mas nada justifica essas provisões. Assim, os balanços escondem o resultado real. As despesas com provisões aumentaram de 22% a 60%, e não é verdade que o nível  de calote vá crescer nesse ritmo. O Bradesco, por exemplo, teve uma situação de inadimplência no início deste ano igual à do ano passado. Mas aumentou suas provisões em 30%. Não justifica. Há uma pressão da sociedade porque lucram muito, as taxas de juros são muito altas, as tarifas, e com isso eles escondem uma parte de esse lucro, até para economizar no pagamento da PLR – o que nós não vamos permitir.
Os bancários têm, desde os anos 1960, jornada semanal de 30 horas, o que se explicava pelo elevado índice de adoecimento dos trabalhadores. Agora, com o avanço tecnológico, ainda se justifica?
Na verdade nós ainda temos um grave problema de adoecimento da categoria bancária. Quando a jornada de seis horas foi instituída para o setor foi por conta da grande incidência de tuberculose. O país tinha um problema epidêmico com a doença e os bancários lidavam muito com o público, dinheiro, papéis, eram altamente expostos à transmissão do bacilo. Os problemas de saúde mudaram. Vieram as Lesões por Esforço Repetitivo, até hoje é o maior problema da categoria, seguido agora pelo adoecimento mental. Estresse, depressão, síndrome do pânico hoje em nossa categoria o INSS reconhece como epidemia.
O trabalhador bancário sofre pressão grande, e isso é outro ponto de discussão na mesa de negociações: as metas e a forma como são estabelecidas. São metas abusivas. A gente tem hoje programas de metas no BB e no Itaú que mais de 70% das agências não estão conseguindo atingir. E há problemas também no Bradesco, na Caixa, no Santander. Os bancários atingem a meta num mês e no dia seguinte o banco aumenta. E isso tem repercussão na relação com o cliente, porque são produtos que o bancário tem de vender. Sob o risco, nos bancos privados, de perder o emprego, e nos públicos, de perder o cargo comissionado ou não alcançar uma promoção, enfim, sofrer prejuízo salarial
Então o retorno deve ser grande mesmo, não é? Porque conforme aumenta o número de doenças profissionais e de afastamentos que demandem despesas pagamentos de auxílio doença ou aposentadoria por invalidez por parte da Previdência Social, aumenta o grau de risco e, portanto, a contribuição previdenciária do empregador, não é assim?
Em 2008, os bancos tiveram seu grau de risco aumentado. Passaram de grau 2 para 3. E passaram a ter de pagar mais para a Previdência por isso. Por isso o tema saúde é tão importante para nós. Tivemos um avanço na mesa no que diz respeito à saúde. Quando o trabalhador tem de passar por um afastamento, ou quando volta de uma alta programada sem estar ainda em condições, e tem de esperar um tempo pela perícia do INSS. Muitas vezes isso demora e ele fica sem salário e sem benefícios. O que nós conquistamos nessa mesa de negociação é que os bancos mantenham o pagamento nesse período, até que saia o laudo, enquanto a gente busca junto ao INSS uma solução para esses problemas.
Isso é uma concessão, uma política de “boa vizinhança” ou o reconhecimento, por parte dos bancos, de que a situação no trabalho é grave?
É a correção de uma grande injustiça. O direito do trabalhador de manter suas necessidades e sua dignidade são constitucionais e quando acontece isso ele fica sem nada, fica no limbo. E o que ele faz nesse período? Ou a família ajuda, porque ele também acaba gastando mais com medicamento, ou entra em dívidas, no cheque especial, vai pegar empréstimos. Então, ele, doente, por culpa do trabalho, fica sem dinheiro e sem salário, é discriminado, o banco começa a olhar pra ele como alguém de quem vai querer se livrar, os colegas acabam se afastando dele, a vida dele vira um caos. Então, foi uma medida importante, corrige uma grande injustiça, e depois nós e a Fenaban vamos buscar uma solução para esse problema junto ao INSS.
Este ano o desempenho está igual, alguns bancos ganharam um pouquinho mais, outros um pouquinho menos. E todos eles aumentaram muito as provisões. Não há nenhum indicador ruim que mostre que tenham problema para pagar o que pedimos
Outro assunto da mesa foi segurança, certo?
Nós também discutimos. No ano passado 49 pessoas foram assassinadas, ou dentro de agências ou logo após ter feito um saque, o crime de saidinha de banco, e a gente tem feito várias propostas há algum tempo, como a instalação das portas de segurança em todas as agências e de biombos entre a fila ou local de espera e os caixas, entre um caixa e outro. Aqui na Folha Bancáriatem uma foto, dá para entender bem: as pessoas no caixa fazendo suas operações e tem um monte de gente na espera, olhando para os caixas. Se você pega o dinheiro, ali pode ter um olheiro que vai dar o toque para outro que está na rua, ou no ponto de ônibus, e vão assaltá-lo. Isso tem acabado em mortes.
O Ministério Público Federal apresentou uma ação na qual responsabiliza os bancos, inclusive, pelos crimes que acontecem logo após a saída da pessoa de um ponto de atendimento, sobretudo pela ausência de equipamentos de segurança que poderiam deixar as pessoas menos visadas.
Nós também entendemos isso, porque se as pessoas não tivessem visto que o usuário fez um saque, não teriam como persegui-lo. Tem de ter os biombos. Em João Pessoa há uma lei municipal de exige esse equipamento de segurança e todos os bancos instalaram. Já houve uma redução de 90% dos crimes de saidinha. Então propusemos fazer um projeto piloto. Escolher uma região e implementar essas medidas, como portas, biombos, câmeras de monitoramento interno e externo. E vamos avaliando se surtem efeito. Por exemplo, a proibição do uso de celular nas agências, como determina uma lei de São Paulo,  a gente entende que é inóqua, não resolve o problema da saidinha. O que resolve é não saberem o que o cliente está fazendo. A comissão de negociação acatou nossa sugestão e vai levá-la às direções dos bancos.
Vão consultar a chefia.
Isso. E nesta terça-feira (28) vão trazer uma resposta. Aliás, nesta terça, esperamos uma resposta global para todos os temas que já conversamos. Na questão de emprego já disseram que não vão trazer. Apesar de a gente insistir, fazer manifestação, eles não querem negociar emprego, rotatividade, acham que podem terceirizar tudo – e nós achamos que não, que terceirização não pode ser contratação fraudulenta. É assim que os tribunais entendem, que não se pode usá-la para reduzir custos. Há pesquisas que apontam que a maioria das empresas pratica a terceirização para economizar, não para contratar uma especialização, alguém que faça melhor determinado serviço do que a própria empresa. Nos bancos, ainda há uma parte dos serviços como compensação, microfilmagem, enfim, que dá acesso a dados confidenciais do cliente, sendo feita por terceiros. E a gente entende que esse tipo de serviço tem de ser feito por profissionais de dentro da categoria, com todos os direitos. Recentemente um trabalhador terceirizado ganhou na Justiça o enquadramento como bancário e recebeu indenização de R$ 350 mil.
E como está a questão da igualdade de oportunidades relacionadas a gênero, raça, pessoas com deficiência, orientação sexual?
Temos uma mesa de negociação permanente, que para a gente é muito importante e eles também defendem, mas não tem andado no ritmo que achamos que precisa. Nós conquistamos em 2009 a igualdade de tratamento para os casais homoafetivos, que é o direito de incluir o parceiro ou a parceira no plano de saúde. Antes, pra conseguir isso as pessoas tinham de ir à Justiça. É uma medida que, além do reconhecimento de um direito, ajuda a combater o preconceito no próprio ambiente de trabalho. Outro avanço, também, foi a expansão da licença-maternidade para 180 dias, que vem sendo aproveitada por mais de 90% das trabalhadoras que usufruíram a licença nos últimos dois anos. Não temos conseguido observar a diminuição das diferença salarial entre homens e mulheres, que está em 24% – em 1994 era de 21%, ou seja, já foi menor, aumentou muito e agora está voltando a cair. Foi traçado um programa de ações a serem implementadas pelos bancos nos últimos três anos visando à redução da diferença salarial entre homens e mulheres, mas desde 2009 essa diferença está estagnada em 24%.
As mulheres ganham menos porque estão nas funções inferiores ou seus salários são menores mesmo desempenhando a mesma função que os homens?
Aí tem duas situações. Uma, nas gerências, que têm remuneração maior, as pessoas podem parecer estar fazendo a mesma coisa, ter uma carteira de clientes para atender. Só que uma é pessoa física e outra, jurídica, que movimentam quantias e produtos diferentes. As mulheres estão mais na gerência de pessoa física, os homens na de PJ. Outra situação é que você vê poucas mulheres na direção, nas diretorias executivas...
Na mesa de negociação...
Na mesa de negociação também (risos). Tanto do lado de lá quanto de cá. Do lado de lá, este é o ano que a comissão de negociação trouxe mais mulheres. O BB e a Caixa têm mulheres que representam o banco; os representantes do Bradesco e do Santander na comissão são acompanhados por duas mulheres, talvez sendo preparadas para assumir uma posição na comissão – quem sabe venham a ser negociadoras e negociadores mais flexíveis (risos).
E para a questão salarial, o que se pode esperar?
No quesito remuneração eles já começam dizendo que este é um ano pior. Que todos os indicadores são piores que os do ano anterior. Mas quando a gente vai analisar os números não conseguimos encontrar um resultado pior. Este ano o desempenho está igual, alguns bancos ganharam um pouquinho mais, outros um pouquinho menos. E todos eles aumentaram muito as provisões. Não há nenhum indicador ruim que mostre que tenham algum problema e não possam pagar o que pedimos. O Brasil vai crescer este ano. Estão em crise a Grécia, a Espanha, a Itália. O Brasil não está em crise. E o mercado bancário ainda tem muito potencial de crescimento no Brasil. Quase 40% da população ainda não tem a acesso a conta corrente, a serviços bancários.
Existe alguma expectativa quanto ao que possa vir de resposta nesta terça-feira? Alguma pista?
A expectativa é que haja valorização salarial, aumento real, valorização do piso, respeito à jornada, com mais emprego, saúde e segurança.
Os bancários são a única categoria que têm uma convenção coletiva de abrangência nacional? Os bancos nunca ficaram tentados a fragmentar, negociar um acordo com um sindicato aqui, outro acolá?
Acho que com essa amplitude, de várias empresas, públicas e privadas, somos os únicos. A Petrobras faz acordo nacional, mas é estatal e é uma única empresa. Desde 1992, portanto está fazendo 20 anos, a gente assina esse acordo e acho que ninguém tem interesse em separar. É interessante tanto para os bancos como para os trabalhadores. É motivo de orgulho para nós e acho que para eles terem construído no setor essa mesa, e que desde 2003 incorporou os bancos públicos. Antigamente as negociações eram separadas por sindicatos, por regiões, estados e muitas vezes a coisa ia acabar no Tribunal. Aí num estado saía uma gratificação semestral, um vale refeição maior numa cidade e menor em outra, em cada lugar se acordava uma coisa e havia um monte de negociações para se fazer ao mesmo tempo. Desde 1992 não temos ajuizamentos de dissídios na Justiça do Trabalho. O acordo é resolvido na mesa de negociação. Se chegamos a um impasse, pode haver greve, mas depois continuamos construindo, na base da negociação. O presidente da Fenaban, Murilo Portugal, até destacou esses 20 anos de convenção nacional, lembrando que não existe algo parecido em nenhum outro país. E isso é possível nesse setor porque a atividade é muito uniforme e todos lucram. No Brasil, banco que não lucra ou é por razões contábeis, ou por alguma razão extraordinária. Fora isso, alguns lucram muito, outros lucram mais – enfim, todos lucram.
Você é baiana. Quando foi que mudou para São Paulo?
Eu nasci em Nova Soure. Mudei para São Paulo em 1991.
Tem um significado especial receber um título de cidadã paulistana pela Câmara Municipal, ou trata-se de uma mera formalidade?
Para mim não tem um sentido apenas formal. Eu gosto muito de São Paulo. Minha mãe sempre me dizia: "Você não vai voltar?” Eu dizia: “Agora não. Um dia, quem sabe”. Agora ela já nem pergunta mais. A minha situação, com certeza, é a de muita gente. Há uma riqueza de diversidade. Você tem baianos, pernambucanos, cearenses, italianos, coreanos, árabes... se quer comida italiana, tem, se quer japonesa, tem. É uma cidade que vai acolhendo a gente e a gente vai adotando a cidade. Com todos os problemas, a gente se envolve, e gosta da cidade. Mas com certeza esse título, mais que o fato de eu ter vindo do Nordeste, tem a ver com o sindicato. O sindicato tem uma participação muito efetiva na vida da cidade, do estado, do pais. É muito atuante, de pensar os problemas da cidade, de interferir na busca de soluções. Esse título tem a ver com o sindicato, com um pouco de cada diretor, e da entidade e do que eles importam para a cidade. Então, é uma honra pra mim. Sou baiana e paulistana. Só falta aprender a falar “orrra, meu”, assim, cheio de erres.
Assessoria SP
Rede Brasil

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