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FEDERAÇÃO DE FUTEBOL-FFP

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terça-feira, 21 de agosto de 2012

Artigo: "CONVOCAÇÃO À REFLEXÃO" - Formação de Novos Atletas

Só é cantador quem traz no peito o cheiro e a cor de sua terra, a marca de sangue dos seus mortos e a certeza de luta de seus vivos.(De um disco do poeta e cantador Vital Farias)

Rosemberg V Peixoto 
O futebol piauiense vive um momento crítico e decisivo em que mudanças na sua direção apontam para um norte promissor.
A eleição e a confirmação de Cesarino Oliveira para a presidência da Federação Piauiense de Futebol reacendem a chama do novo.
O presidente é um homem calejado tanto nos esportes profissionais quanto amadores do nosso estado, uma vez que presidiu e preside entidades esportivas em quase todas as esferas.
A inexperiência não rima com seu nome.
Por isso, proponho uma reflexão ao soerguimento do nosso futebol e, quiçá, de nossos esportes.
Formação de Novos Atletas

No mundo.
Parece senso comum que a formação de uma massa crítica geralmente leva à revelação de talentos em qualquer modalidade esportiva e intelectual. Exemplos brotam em todas as atividades humanas.
O xadrez na Rússia. O tênis de mesa na China. O basquete nos Estados Unidos da América. A Espanha é campeã mundial. Apenas façam uma análise dos países sediadores de jogos olímpicos.

No Brasil.
No Brasil, o futebol tem se beneficiado - de forma não planejada - dessa grande massa de amadores (peladeiros, crianças e adultos). Somos uma nação de chuteiras, disse o escritor.
Temos campeonatos em todos os rincões deste país. Quase toda criança do sexo masculino nasce com uma chuteira ao lado do berço. Não há qualquer iniciativa do Estado, o povo adora o esporte e isso nos faz um grande celeiro de atletas. Novos jogadores de futebol surgem em todas as partes. Ou quase todas - como vou tentar ilustrar adiante. O mesmo não acontece com outras modalidades esportivas. O tênis de mesa praticado em clubes está desaparecendo no Brasil. O futebol de salão ainda sobrevive com seu herói Falcão. O voleibol fez uso de jogadores veteranos nas olimpíadas e o resultado foi o visto. Por quê?
A resposta é unânime. Base. Ou seja, a formação de uma massa crítica que possa trazer o maior número de talentos à pratica do esporte e, a partir daí, a seleção dos mais talentosos e habilidosos. Os clubes de futebol de todo o mundo há muito tempo chegaram àconclusão que a formação de seus próprios atletas gera títulos e dividendos infindáveis. Não vou cansá-los com exemplos mais que conhecidos.

No Piauí

Quando garoto, eu frequentava o Lindolfo Monteiro para ver times piauienses formados quase que na totalidade por piauienses. Meu avô, meu pai e meus tios faziam parte dessa gente que construía nosso esporte predileto. Os piauienses eram torcedores do River, doFlamengo, do Piauí, do Botafogo e do meu Auto Esporte Clube.
Como conseguíamos isso?
Todos os clubes tinham suas divisões de base atuantes. A garotada boa de bola da época sabia que poderia ter chance de jogar em um time profissional. Vários jogadores do interior do estado tornaram-se estrelas dos clubes piauienses. Sima, o nosso maior astro futebolístico de todos os tempos, é um deles. Inúmeros jogadores da divisão de base que formaram a seleção piauiense vice-campeã brasileira são o exemplo mais brilhante do que quero levar a reflexão.

A Base Hoje no Piauí ( A quem interessa?)

O futebol brasileiro hoje fatura em torno de 1 bilhão de Reais com direitos de imagem e, por isso, a base do futebol brasileiro virou oEldorado de quem quer revelar o seu Ronaldo e faturar milhões na venda de seus talentos. Nada contra empresários. Acho que eles tiveram e têm seu papel nesse cenário.
Hoje, a base formadora dos clubes piauienses tem o Campeonato Piauiense Sub 18 para exibir, testar e selecionar seus craques. É hoje o futuro do futebol piauiense. O caldo primordial formador de craques para o futebol piauiense. A quem devemos delegar a formação de nossos futuros? Aos clubes piauienses! Já ouço o coro.
No entanto existe nesse campeonato um clube que participa com todos os seus jogadores "importados" de outros estados, ou seja,formado de não piauienses. Tal clube fez uma parceria com um certo empresário, dito cearense, que por sua vez importou jogadores pertencentes a seu portfólio. Fala-se que tal investidor tem em torno de 100 jogadores sob sua gestão.
Insisto, nada tenho contra empresários. Tenho amigos nesse meio.
O objetivo desta carta aberta é chamar a atenção a uma questão que me deixa sem sono.
Ao trazer atletas de outro estado, ou outros estados, para competir no campeonato Piauiense Sub 18, quem estamos formando? Que mercados estamos abastecendo? Se vencedor do campeonato Sub 18, que time representará nossos garotos nas competições interestaduais? Os cearenses? Os maranhenses? O Piauí estará genuinamente representado? O Ceará pode louvar seu terceiro representante?
Ao participar de interestaduais esses atletas saberão cantar o hino do Piauí? Imaginem tais atletas chegando a uma final nacional, nosso pavilhão tremulando no alto e nosso hino senso tocado. Onde está o orgulho? Quem nossos garotos verão na TV? Piauienses?

Não é xenofobia. É busca de significado, de fundo, de identidade.

As chances de essa equipe importada fazer um bom papel na competição, o que empresário almeja, são relativamente boas já que ela treina de forma semelhante à de uma profissional. Daí seu estupendo desempenho na competição. É reconhecidamente superior. Há boatos maldosos sobre ela, embora irrelevantes nessa provocação. [sugiro retirar essa frase]
Mas a pergunta não cala. Reflitam todos. Qual o objetivo do Campeonato Piauiense Sub 18?
Indicar o representante piauiense na Copa São Paulo. Eu disse o representante Piauiense, não Cearense. Se vencer, fomos nós?
Revelar atletas piauienses. Dar chances a piauienses. Alimentar equipes piauienses com revelações da capital e do interior. O que levou a equipe de Barras a não investir nos seus garotos?
Estamos fazendo isso? Há quem diga brincando que se tal equipe vencer há quebra no pacto federativo.
Insisto provocando. Haverá outros empresários - com seus atletas importados - no próximo campeonato Sub 18 representando outras equipes? É esse nosso horizonte?
O Sub 18 do Piauí se tornará o caminho mais próximo para que os empresários de outros estados exibam seus atletas ao Brasil?

Sou o atual presidente do Auto Esporte Clube. Fui campeão piauiense defendendo a mesma equipe. Como atleta e, agora, ex-atleta, fiz parte da direção do AEC.
Nosso clube decide nesse sábado o campeonato Sub 18 com a equipe de Barras. Se formos bem sucedidos, o Piauí terá seu campeão legítimo. Se não, reinicie tudo novamente.
Nossa mentora tem o dever de provocar esse debate ou de fazer uma reflexão profunda sobre nosso futuro.

Aos desportistas piauienses, um grande abraço.


* Bega - Campeão Piauiense de 1983 pelo Auto Esporte Clube do Piauí.
Rosemberg V Peixoto - Presidente do Auto Esporte Clube do Piauí.

* “Só é cantador quem traz no peito o cheiro e a cor de sua terra, a marca de sangue dos seus mortos e a certeza de luta de seus vivos.” (De um disco do poeta e cantador Vital Farias)

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