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FEDERAÇÃO DE FUTEBOL-FFP

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quarta-feira, 20 de abril de 2011

Artigo: "MUNDO SINDICAL DEIXA A DESEJAR EM COMUNICAÇÃO"



Maria Helena Cota Vasconcelos*
Sindicalista Maria Helena
Abril/2011

      O mundo sindical deixa muito a desejar quando o assunto é comunicação, elemento fundamental para o êxito de qualquer movimento. Por isso, essa é uma das principais lacunas que precisam ser preenchidas de forma eficaz pelos dirigentes sindicais e trabalhadores, afinal como representá-los sem manter um diálogo? Embora cada entidade tenha o próprio jornal, e algumas até espaços na mídia eletrônica, a comunicação não se estabelece de forma dinâmica, o que na maioria das vezes reflete negativamente nas ações do sindicato. 


      Entre os vários fatores que contribuem para este cenário, o que mais se destaca é a concorrência desleal entre os espaços de comunicação da classe trabalhadora e os meios de comunicação de massa, que tem caráter hegemônico, capitalista e apresentam a visão burguesa. É impossível contrapor-se a tanta informação. O pensamento da classe dominante aparece como único, imutável, natural. Já o trabalhador, que pensa de forma diferente, pouco é ouvido e quando ouvido, tem seus saberes desqualificados e são colocados como opositores à norma imposta. Se não apresentam propostas são cobrados a fazê-lo e quando apresentam alternativas viáveis, tem suas ideias apropriadas. Dessa forma, as iniciativas da classe trabalhadora passam a ser aplicadas como benesses dos patrões. Todos os dias nos jornais, nas televisões, nas rádios e nas revistas, inúmeras matérias de interesse dos trabalhadores são tratadas de forma superficial e tendenciosa. A única visão que aparece é a dos patrões. Os trabalhadores não são chamados a opinar, mas sim, a obedecer, a se conformar. Os pequenos jornais dos sindicatos passam a reproduzir conteúdos dessa mídia, sempre “correndo atrás” do prejuízo. Quando chegam aos associados, já chegam velhos, ultrapassados. Além disso, quem ditou a pauta foi o patrão. 
      Apesar do princípio da unicidade sindical, a classe trabalhadora é organizada por categorias. Isto, por si só, já gera uma fragmentação. A unicidade na mesma base territorial, não garante a unidade. Sindicatos se proliferam, até por cargos. Como a organização, a comunicação também se fragiliza. Na hora de criação do novo sindicato, o discurso vem no sentido de fortalecer, de defender os interesses daquele grupo de trabalhadores. Na prática significa pouca farinha num pirão já ralo. Planta-se a discórdia entre a classe, com trabalhadores se olhando como inimigos, espaços minúsculos, de pequenos jornais usados para espalhar a discórdia e desconhecendo a solidariedade. Egos inflamados, salvadores da pátria dos patrões, prejuízos para a organização. 
      A comunicação pressupõe alternância. Emissor e receptor. E também troca nesses papéis. Quem recebe repassa, dá retorno. É dinâmico. Algumas lideranças que já avançaram no processo de compreensão da sociedade, acreditam que esta compreensão é de todos. Quando se fala sobre a necessidade de falar de maneira transparente, de repetir de forma clara, mais evidente para os trabalhadores, eles reagem com impaciência e dizem que os trabalhadores já estão fartos de saber. Que agem de forma individualizada porque não estão interessados, porque só participam quando se trata de interesse imediato, financeiro. “Só virão se entrar dinheiro no bolso.” Assim, rompem a comunicação. Exasperam-se na impotência. Travam individualmente uma batalha que só pode ser coletiva. Esquecem da luta de classes, da necessidade de disputar mentes e corações. Os jornais dos sindicatos precisam ser usados para desconstruir o que a grande mídia propõe. Oferecer outro ângulo, outro olhar.
      É preciso investir nos trabalhadores da base, oferecer conhecimento com generosidade, abrir espaços de expressão do pensamento. Ouvir, repassar, esclarecer, deixar que as ideias circulem, para que as pessoas, falando e ouvindo, reconheçam-se. A luta salarial é legítima, precisa ser conduzida com seriedade. Não pode ser diminuída neste processo e pode ser usada como trampolim para discussão de outros temas. Os que chegam na hora da luta salarial precisam ser conquistados para outras lutas. O que dizer dos jornais dos sindicatos, alguns cheios de palavras de ordem e de boas intenções. Saindo uma vez por mês ou quando a diretoria acha que precisa trabalhar algum assunto específico. Embora se saiba que a comunicação é importante, não se investe financeiramente nela. As pautas não são definidas coletivamente. Quando se contrata um jornalista, repassa-se para ele a responsabilidade. Dependendo da reação da base, os jornais podem dormir nos cantos do sindicato. Trazem mais prejuízos que avanços. 
      Estas falhas desembocam nas assembléias de trabalhadores. As pautas destas assembleias não são trabalhadas nos jornais e outros espaços. Não sabemos quem as define. Algumas vezes as divergências aparecem entre os diretores, ficando claro que não houve discussão prévia dos assuntos e cada um defende seu ponto de vista, confundindo a plenária. Impossível convencer, pois não estamos convencidos. A comunicação precisa acontecer entre os dirigentes. A base é a fonte e o termômetro. Podemos mudar isto e fazer coletivamente a história. A comunicação sindical pode ser trabalhada e melhorada. Em benefício de todos. Este portal pode ser um começo. Some-se a nós!

*Por Maria Helena Cota Vasconcelos
Servidora pública aposentada e militante nos movimentos sindicais
Enviado por: Tânia Alencar (taninha.alencar@gmail.com)

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