CASA CIVIL: EX-MINISTRA VINCULADA AO ESQUEMA "SUCESSO"

José Eduardo Dutra

Novas denúncias de corrupção envolvendo a ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra, divulgadas ontem  em uma revista de circulação nacional, geraram uma nova onda de ataques entre integrantes do governo e a oposição. Segundo a publicação, funcionários da Casa Civil teriam recebido pacotes de dinheiro, contendo R$ 200 mil, por supostamente terem intermediado um contrato de R$ 34,7 milhões para a compra emergencial do medicamento Tamiflu, usado no tratamento da gripe suína (H1N1). No total, o Ministério da Saúde gastou R$ 400 milhões para realizar sete compras do medicamento.

Tanto a Casa Civil, como o Ministério da Saúde negam as acusações. Após as novas denúncias, o governo informou que a Polícia Federal irá apurar todas as suspeitas de irregularidade. O assunto acirrou a troca de farpas entre os dois principais lados da briga pela corrida presidencial. Em comício em Campinas, o presidente do PT, José Eduardo Dutra, chamou as suspeitas levantadas de “fraude” e classificou a reportagem como uma tentativa dos adversários de levar a disputa pela Presidência ao segundo turno.

- Estão tentando construir uma farsa para impedir o que o povo brasileiro já decidiu. Não adianta farsa nem armação. Não adianta produzir manchetes contra nós.

O assunto também foi citado por José Serra, durante campanha no Rio de Janeiro e no programa eleitoral do candidato.

- Se [Dilma] sabia, é crime. Se não sabia, não é boa administradora, porque anos e anos com um esquema feito ao lado do gabinete, com distribuição de propinas até para a compra de remédios, o que é especialmente mórbido, não dá.

Já Dilma pediu rigor nas investigações e mais uma vez voltou a afirmar que desconhecia o suposto esquema de tráfico de influência dentro da Casa Civil.

- Não tive acesso ainda a essa reportagem, mas eu tenho uma posição muito clara em relação a isso. Acredito que todas as denúncias têm de ser rigorosamente apuradas e investigadas e acredito que as pessoas culpadas têm de ser drasticamente punidas.

Na semana passada, Erenice deixou o cargo após suspeitas de que seu filho Israel Guerra era responsável por um esquema de lobby (atividade para influenciar autoridades) em favor de empresas que queriam firmar contratos com o governo. Ela nega qualquer envolvimento de sua família no caso.