São freqüentes as
consultas médicas, muitas vezes em hospitais, de pacientes que
trabalham em carros-forte com o transporte de valores, e quase todos consultam
pelo mesmo motivo: desidratação ou outras doenças causadas pelo calor
insuportável no ambiente de trabalho.
Alguns chegam a desmaiar devido ao
calor dentro destes veículos.
Os transportadores trabalham em
carro-forte as vezes durante 8 ou 9 horas sem poder sair de dentro, e
sequer podem abrir uma janela. Se furar um pneu, são
obrigados a permanecer dentro do veículo, aguardando outro carro-forte
para trocar o pneu.
Acontece, que no verão, a
temperatura lá dentro chega à 48 graus, e não existe renovação de ar. Um
paciente descreveu os veículos como "uma lata no sol fechada com 4 pessoas
dentro, respirando o mesmo ar, suando terrivelmente, as vezes com falta de ar,
e um calor insuportável. É um forno onde não podemos sair de
dentro".
Este problema se
resolve facilmente, apenas colocando um ar condicionado dentro, que a
maioria dessas empresas, altamente lucrativas se recusam a colocar,
para aumentar a lucratividade.
Sei lá quanto custa um carro-forte
destes, mas não deve custar menos de 200 mil reais, uma vez que são
blindados. O que representa 5 ou 6 mil reais a mais na colocação de
um ar condicionado?
Todas as empresas são
responsáveis pela segurança e bem estar do trabalhador. Com frequência e
por justa razão, a fiscalização entra nas empresas medindo com aparelhos
sofisticados, a temperatura e grau de umidade nos locais de trabalho. Alguém já ouviu falar que algum fiscal entrou num carro-forte para medir a
temperatura?
Quero porem deixar claro, que não são
todas as empresas que fazem este tipo de economia, mas pelo visto,
são a maioria. Como Médico do
Trabalho, eu entendo que o ar condicionado nestes carro-fortes,
deveria ser considerado como um “EQUIPAMENTO DE
PROTEÇÃO COLETIVA" e que deveria estar previstas nas
leis da medicina do trabalho. Se já existe esta
lei, certamente não está sendo cumprida.
Fica então, a sugestão ao
Ministério Público do Trabalho, de uma legislação e um controle mais rígido na
proteção da saúde e bem estar dos trabalhadores de transporte de valores.
Moisés Eli Magrisso -
Cremers 8708
Clínico Geral e Médico do Trabalho
Nenhum comentário:
Postar um comentário