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Reprodução/O ESTADÃO |
"A casa tinha um fluxo dinâmico. Quando dava a lotação de 700 pessoas ninguém mais entrava. O dia mesmo da festa não estava aquela maravilha que o Kiko esperava. A casa estava meio vazia até", argumenta o advogado. A Polícia Civil ouviu uma funcionária da casa, porém, que diz ter separado mil comandas para serem vendidas na noite do dia 26.
"As pessoas que ouvimos até agora relatam que a casa estava lotada", afirma o delegado regional responsável pelo caso, Marcelo Arigony. "Já os funcionários dizem que a boate estava apenas cheia."
Marques disse que a boate "tinha plenas condições de funcionamento e que o dono não sabia da apresentação com sinalizadores da banda. "Aquilo foi uma surpresa, para causar frisson", afirmou o advogado.
Extintores. Ontem a polícia ouviu mais 14 testemunhas. Uma reconstituição do acidente também foi feita no interior da boate Kiss com cinco sobreviventes. Segundo depoimento prestado por Vanessa Vasconcelos, de 31 anos, ex-gerente da boate, Kiko também mandava retirar os extintores das paredes por questão estética. Ela trabalhou na casa de dezembro de 2010 a dezembro de 2012 e sua irmã morreu na tragédia. "Ele achava feio os extintores. Mandava a gente tirar. Só colocava de volta quando ia ter inspeção", disse Vanessa.
Os donos da casa noturna, no entanto, afirmam que na noite do acidente a casa tinha todos os equipamentos necessários contra incêndio.
Pelos depoimentos, a polícia descobriu que o extintor usado por um dos seguranças da casa para tentar controlar o início do incêndio realmente não funcionou. Os cinco extintores da boate tinham sido recarregados em outubro pela empresa Previ. "Me pagaram R$ 50 para recarregar cada um. Mas, se alguém tira o lacre ou faz qualquer manuseio errado, eles podem falhar na hora de serem acionados", afirmou Carlos Weber, dono da Previ. A defesa do proprietário da Kiss negou que o local dos extintores tivesse sido mudado.
Reforma. Marques admitiu ainda que o proprietário construiu "uma nova face" para a boate que não constava do projeto original. "Como eu disse, foram reformas feitas para melhorar o atendimento ao público e em um período no qual já estávamos esperando a nova vistoria dos bombeiros. Não sei dizer se a fiscalização da prefeitura chegou a ir lá e constatou as mudanças", diz o advogado, que também defendeu o goleiro Bruno Fernandes no caso da morte da modelo Eliza Samudio.
Para a defesa, os argumentos da prisão temporária de Spohr e do outro sócio-proprietário, Mario Hoffmann, não têm mais validade. "A prisão temporária foi justificada sob a suspeita de que os donos tinham escondido câmeras do circuito interno de segurança. Mas tenho aqui uma assinatura do dono da empresa que fazia a manutenção dos equipamentos dizendo que eles não estavam funcionando." / DIEGO ZANCHETTA
Suicídio. Elissandro Spohr, um dos donos da boate, teria tentado o suicídio no hospital onde está internado sob custódia policial em Cruz Alta, a 130 km de Santa Maria. A delegada Lylian Carús afirma que ele tentou se enforcar com a mangueira do chuveiro na noite de anteontem. "Por sorte os policiais que estavam no quarto perceberam", disse o advogado Jader Marques.
Já o cardiologista Paulo Ricardo Nazário Viecili, que atende o empresário, contesta esta versão e diz que seu paciente teve uma crise nervosa. Segundo Viecili, o empresário está sob efeito de sedativos e não há previsão de alta. Spohr está no hospital desde a segunda-feira, com a mulher, grávida de quatro meses. Ambos estavam na boate na noite do incêndio e inalaram fumaça.
O ESTADÃO
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