JOGADOR
NUNCA TRANSFORMOU-SE NO FENÔMENO DE MARKETING QUE O FLA ESPERAVA E AGORA EXIGE
PAGAMENTO DE DÍVIDA MILIONÁRIA
Desencontros,
polêmicas e confusões. Ao entrar na Justiça contra o Flamengo, nesta
quinta-feira, 31/05, (ontem), Ronaldinho Gaúcho coloca, em seu último ato pelo
Clube de Resgata Flamengo, os mesmos ingrediente que povoaram sua passagem pelo
Rio desde a chegada, em janeiro de 2011.
O
jogador, que foi eleito o melhor do mundo em 2004 e 2005, sai do clube pelas
portas dos fundos, reclamando de salários atrasados e direitos de imagem uma
dívida com valores que chegam a R$ 40 milhões. Sai sem deixar saudades para a
torcida ou dinheiro nos cofres da equipe; sem um jogo de despedida ou pedidos
para que fique.
O
Flamengo sai dos 17 meses com Ronaldinho pior do que entrou. No fim de 2010, o
clube da Gávea venceu uma briga de três pontas, com Grêmio e Palmeiras. Uma
disputa que ficou marcada pelas incontáveis reuniões e promessas do irmão e
empresário do jogador, Assis. Vencedor da batalha uma das maiores novelas do
futebol brasileiro o time carioca anunciou o jogador como salvador da pátria.
Quando um Ronaldinho emocionado disse, com a voz embargada, "agora eu sou
Mengão", os torcedores que estavam na apresentação, na Gávea, foram à
loucura. Os departamentos de marketing e futebol do clube, também. Ronaldinho
surgiu como a solução de todos os problemas. Seria o ídolo e em campo e a solução
fora dele.
Mas,
quase um ano e meio após a chegada messiânica, Ronaldinho nunca foi o fenômeno
que o clube esperava. Em campo, foram 70 partidas, 28 gols, 19 assistências e
um título, o de campeão carioca de 2011. Atuações memoráveis, com a grife de quem
foi o melhor do mundo, apenas uma, no histórico 5 a 4 sobre o Santos, na Vila
Belmiro. Foi o bastante para ser chamado a voltar para a seleção brasileira, do
técnico Mano Menezes.
Foi
fora de campo, no entanto, que o jogador decepcionou ainda mais. Ronaldinho não
se empenhou para virar a cara ou "o cara" de marketing no Flamengo.
A falta de esforços era visível também nos treinos. Conhecido por animar o
ambiente nos clubes por onde passou, o jogador tornou-se, nos últimos meses,
uma figura soturna, quase uma sombra do farrista que sempre se destacou pelo
bom humor nas concentrações.
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Reprodução ESPN |
Nas
últimas semanas a crise agravou-se ainda mais O primeiro episódio aconteceu em
uma das lojas do clube, no Rio. De acordo com relatos de funcionários, Assis
teria entrado no estabelecimento e enchido uma sacola com artigos do clube. O
irmão e empresário de Ronaldinho teria dito que não pagaria pelos produtos,
alegando que o clube não pagava os salários do atleta.
No
sábado, Ronaldinho fez a última partida pelo Flamengo. Marcou um gol de
pênalti, o sétimo neste ano. Deixou o campo aos 30 minutos da segunda etapa,
vaiado pelos torcedores, que depois cercaram o carro do atleta, cobrando mais
empenho e melhores atuações. Depois do episódio, Ronaldinho nunca mais foi ao
clube. Com a anuência da direção, ele foi a Porto Alegre, acompanhar a mãe
Miguelina, que estava com um problema de saúde. O gaúcho não foi aos treinos na
terça e na quarta-feira; depois, perdeu o embarque do clube para Teresina, onde
a equipe disputaria um amistoso. Na ocasião, Zinho ex-jogador e atual diretor
de futebol admitiu que não conseguira falar com Ronaldinho.
Na
manhã desta quinta, o vice-presidente de futebol do clube, Paulo César
Coutinho, afirmou a torcedores no Piauí que o jogador já estava afastado.
Depois, voltou atrás. Mas o destino da parceria entre Ronaldinho e o Flamengo
já estava selado. Agora, o futuro do ex-melhor jogador do mundo está nas mãos
da Justiça.
"O
Ronaldinho não é mais jogador do Flamengo, o contrato dele foi rescindido
judicialmente. Com relação a valores, eu não posso falar por conta do segredo
de Justiça. A liminar não diz nada com relação a valores. O Flamengo já está
sabendo: meia hora antes de eu ir lá a liminar já estava com o clube",
explicou a advogada Gislaine Nunes ao 'SporTV'. "Agora nós estamos
cobrando valores altíssimos para fazer isso, valores milionários e valores que
o atleta tem direito por força de contrato".
"Geralmente
os contratos de imagem são usados para burlar previdência, impostos e encargos
trabalhistas. Conseguimos o reconhecimento, e então o juiz conseguiu acatar
nossa tese, libertou o atleta e agora ele está liberado para seguir a vida de
dele", concluiu.
ESPN.Com
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